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Raul Leal



Nomes do Mato - Raul Leal

“Nomes do mato” faz referência aos nomes que os indígenas eram obrigados a abandonar quando eram batizados. Esses mesmos indígenas que perdiam seus nomes de família, sua referência como seres humanos no mundo, foram responsáveis por nos deixar a maior parte dos nomes das plantas e animais existentes no Brasil, nossa toponímia também é quase toda de origem indígena. Ao qualificar esses nomes indígenas como nomes do mato, fica bem claro o caráter pejorativo que sempre foi associado a tudo que era proveniente de nossas matas, basta lembrar que alguns anos atrás, plantas como bromélias, certas orquídeas e bananeiras decorativas eram vistas como plantas do mato, coisas sem valor. Hoje em dia essas espécies movimentam um próspero mercado de plantas decorativas que são exportadas para todo o mundo. Quando se vai remover a mata de alguma propriedade diz-se que a área vai ser limpa, como se a floresta fosse sinônimo de sujeira. 

Beija flor | Técnica mista s/ madeira | 80x80cm (2019)

Nessa exposição os “Nomes do mato” são animais e plantas que ainda resistem em nossas matas, lutando para sobreviver em meio aos ataques sofridos pelo meio ambiente, através dos anos. Essa série de trabalhos teve início quando decidi utilizar a paisagem do interior como referência. Comecei a fotografar o interior do estado do Rio e me deparei com uma situação estranha, havia muita seca, muitas árvores mortas e muito pouca mata nativa. Comecei a pesquisar sobre o assunto e descobri que o Norte - Noroeste fluminense, parte de Minas e Espírito Santo estão vivendo um processo de desertificação.  

Antigas lágrimas || Técnica mista s/ madeira | 80x100cm (2019)

Desertificação é a degradação da terra por uma combinação de fatores climáticos e humanos. São três fatores que se conjugam neste processo, o primeiro é o desmatamento, o interior do estado do Rio originalmente possuía 100% de mata atlântica nativa, a mata virgem dos nossos avós, com o desmatamento para lavoura de café, criação de pasto e comércio de madeira chegamos a inacreditáveis 10% da mata original. Segundo as pesquisas a mata atlântica é um ecossistema que começou a se formar há 500 milhões de anos, em menos de cem anos nós conseguimos destruir 90% dessas matas que estavam aqui muito antes dos índios. 

O peso do seu pensamento  | Técnica mista s/ madeira | 80x60cm (2019)

O segundo fator que vem atrelado ao desmatamento são as queimadas que acabam com o resto de nutrientes da terra. O terceiro é o manejo equivocado do solo, a terra precisa da mata para ter uma reserva de matéria orgânica e se tornar produtiva, sem esse adubo natural que vem da decomposição de folhas e troncos, nem capim consegue vegetar na terra vermelha que se torna árida.

Borboleta  | Técnica mista s/ madeira | 80x80cm (2019)

Coruja | Técnica mista s/ madeira | 80x80cm (2019)

Mas o que tem isso a ver com arte? Os trabalhos que eu estou apresentando aqui foram realizados a partir da observação da nossa paisagem e dessas modificações. Utilizei madeira, terra e fogo para trabalhar com imagens de animais e plantas que ainda resistem nesses restos de mata, são animais que fazem parte da memória de todos nós.

Dormente | Técnica mista s/ madeira | 80x100cm (2019)

Mostro também um conjunto de fotografias e aquarelas que apresentam áreas devastadas e pequenas plantas que sobrevivem nesses clarões de terra vermelha e três pares de desenhos em grafite onde contraponho uma espécie de negativo/positivo de animais, baseados nos desenhos dos artistas viajantes que andavam pelo interior catalogando nossa riqueza natural. Os nomes do mato são a nossa riqueza, o verde ocupa a maior parte da nossa bandeira, esse verde que precisa tanto ser cuidado e preservado por ser fonte de tudo que nós conhecemos como Brasil.  

Raul Leal, 2019


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Nada acabará, nada ainda começou – Raul Leal
Curadoria: Isabel Sanson Portella

O artista Raul Leal recebeu o Prêmio Viva o Talento da Prefeitura do Rio de Janeiro com a exposição Nada acabará, nada ainda começou que vai acontecer no Centro de Referência da Música Artur da Távola na Tijuca. O artista utiliza na exposição material ligado a eventos ocorridos no Palácio do Catete e no país, relacionados à música. Tendo a figura de Nair de Teffé como fio condutor são apresentados trabalhos em pintura, texto e vídeo formando uma instalação que ocupa todo o espaço da galeria do Centro Cultural. 


Em 26 de outubro de 1914 a então primeira-dama do Brasil, Nair de Teffé, organizou uma recepção nos salões do palácio do Catete onde foram executadas obras de compositores populares brasileiros, culminando com a apresentação do Corta-Jaca, maxixe da compositora Chiquinha Gonzaga. A repercussão foi a pior possível, abalando ainda mais a pouca popularidade do presidente Hermes da Fonseca.

Ruy Barbosa declarou que nosso governo estava prestando as mesmas honras que merecia a música de Wagner às expressões mais chulas da nossa cultura, o mesmo Wagner que execrou a música de outros compositores que não aderiam ao seu credo musical, condenando-os à clandestinidade e a um preconceito sobre suas obras que durou décadas.

 

Na exposição é apresentada uma grande colagem de imagens que conecta passado e presente e nos faz refletir sobre os processos de aceitação e exclusão das manifestações culturais.

Sobre Raul Leal: Artista visual radicado no Rio de Janeiro. Participou de diversas exposições individuais e coletivas em instituições como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de artes de Blumenau e Museu de Arte de Ribeirão Preto. Recebeu prêmios em diversos salões de arte e tem trabalhos em importantes coleções.


Galeria do Lago (Museu da República) | Rua do Catete, 153 - Catete 
Exposição: de 23 de maio a 28 de junho de 2015
https://www.facebook.com/nadacabara/

Com curadoria de Isabel Sanson Portella, a mostra apresenta uma relação entre a memória musical do Palácio do Catete e as artes visuais.
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Ilhas - Centro Cultural Justiça Federal
Curadoria e texto crítico: Daniela Name

Shopping centers são centros comerciais onde o que menos importa é a convivência. A ode ao consumo caminha em paralelo com a despersonalização dos lugares e do relacionamento entre as pessoas. Transitar por seus corredores assépticos e frios leva as pessoas a “não-lugares”, nos quais o desconforto causado pelo vazio evita que o consumidor permaneça muito tempo no mesmo local, estimulando a circulação pela lojas e a compra. Em sua individual “Ilhas”, em cartaz de 17 de abril a 31 de maio no Centro Cultural Justiça Federal, o artista plástico Raul Leal questiona a natureza desses lugares por meio de pinturas a partir de fotos de vários ambientes de shopping centers. Por meio da pintura, esses espaços ganham cor, e alguma possibilidade de vida.


“Os corredores dos shoppings são espaços ocos, onde nada acontece. Daí o nome da exposição, que remete ao isolamento e ao tédio. Isso é reforçado por uma arquitetura padronizada, que não remete a um lugar que possa ser fixado na memória das pessoas. Shoppings são iguais em qualquer lugar do mundo”, observa Raul.

A mostra atual dá sequência à pesquisa do artista sobre a paisagem urbana. Ele se interessa pela rua e como as pessoas interagem com a cidade. Para isso, utiliza a mesma técnica de trabalhos anteriores: as pinturas começam com a fotografia. Leal projeta fotos de espaços urbanos, manipulados digitalmente, removendo os elementos que considera excessivos e tira dessa imagem a ideia para a obra.


A figura humana é essencial no trabalho de Raul. Ela se relaciona com o espaço urbano, seja a rua ou o interior do shopping, mas é apresentada de forma pouco nítida, por meio de silhuetas e sombras. É a proposta de seu trabalho mostrar como o humano pouco consegue interagir com seu entorno. Suas obras visam a causar esse estranhamento e mostrar como as relações das pessoas com o espaço e entre si estão cada vez mais fluidas e fugazes.

“O espaço urbano não é mais um espaço de convivência. Tornou-se, em geral, lugar de passagem, seja nas ruas, seja dentro dos shoppings. Há uma clara falta de identificação nas cidades contemporâneas. Elas não convidam à relação e sim à indiferença”.


No caso dos shopping centers, tema da exposição no Centro Cultural Justiça Federal, a situação é ainda mais complicada, segundo Leal. Nesses locais, a desumanização visa a alimentar o consumo compulsivo na criação de um comportamento calculado para inibir a socialização.


“A arquitetura do shopping é feita para as pessoas irem de um ponto A ao ponto B. O objetivo é estimular a compra. Diferentemente da rua, que é um ambiente aberto ao acaso, onde qualquer coisa pode acontecer, e que imprime uma memória afetiva, nos shoppings, o ambiente é absolutamente controlado e inibidor. O aparato de segurança deixa claro, com seu circuito interno de câmaras e grandes homens ameaçadores de terno e gravata, que quem entra no shopping deve consumir. E ir embora. Daí a grande discussão que se deu por conta do fenômeno dos rolezinhos. Os jovens da periferia, com poucas opções de lazer, escolheram o shopping para socializar, rompendo esse paradigma e trazendo uma possibilidade de caos que não pode ser absolutamente permitida num ambiente que se pretende público, mas é privado”, analisa o artista.



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Como se não houvesse espera - Ivair Reinaldim

Como se não houvesse espera apresenta no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) um recorte da produção de Elisa Castro, Eloá Carvalho, Luane Aires, Maria Mattos, Patrizia D’Angello, Raul Leal, Rebeca Rasel e Viviane Teixeira, jovens artistas da cidade do Rio de Janeiro. Com curadoria de Ivair Reinaldim, reúne pinturas, desenhos, fotografias, vídeos e uma intervenção espacial, um conjunto de propostas visuais que versam sobre situações e temas relacionados a silêncios, pausas, partidas e esperas, limites e passagens entre o interior e o exterior.


Partindo da pintura Menina lendo uma carta junto à janela aberta (c. 1657), do holandês Jan Vermeer, o curador procurou salientar referências visuais/metafóricas como CARTA e JANELA. Carta simboliza aquilo que vem de fora para dentro, as notícias, as boas novas, o ausente que se faz presente. Janela é uma membrana, película que separa o interior do exterior, evidenciando receptividade para o que vem de fora. Estar diante da janela é também desejar (aquilo ou alguém que está distante). A passagem literária de Alain Robbe-Grillet para o roteiro original de O ano passado em Marienbad (1961), também forneceu alguns signos importantes para o projeto, em diálogo com a arquitetura eclética do CCJF, tais como UMBRAL e JARDIM. O umbral da porta, estrutura que marca a passagem, a caminhada, o deslocar-se no espaço, está presente de modo emblemático no ambiente expositivo; o jardim representa o exterior, o lado de fora, o sair para o mundo, em direção ao paraíso alcançado. A partir desse repertório chave, novos signos surgem: a mesa, o corredor, o espelho, a cortina, a neblina; enfim, toda uma série de alusões na passagem sutil entre a carta e a janela.


“Carta simboliza aquilo que vem de fora para dentro, as notícias, as boas novas, o ausente que se faz presente. Janela é uma membrana, película que separa o interior do exterior, evidenciando receptividade para o que vem de fora. Estar diante da janela é também desejar (aquilo ou alguém que está distante)”, diz o curador.


Como se não houvesse espera
Curadoria: Ivair Reinaldim
 
Artistas: Elisa Castro, Eloá Carvalho, Luane Aires, Maria Mattos, Patrizia D’Angello, Raul Leal, Rebeca Rasel e Viviane Teixeira

Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), 3o andar
Abertura: 16/01/2014, às 19h
Visitação: de 17/01 a 27/02, terça a domingo, das 12h às 19h
Conversa com curador e artistas: 20 de fevereiro, às 18h
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A instalação “um lugar provisoriamente habitado” relaciona elementos da paisagem urbana com os meios digitais de produção de imagens e o desenho. O trabalho propõe uma reflexão sobre a situação da imagem no mundo atual, onde meios cada vez mais sofisticados para sua produção se tornaram corriqueiros e acessíveis. Onde o trânsito dessas imagens assumiu proporções inimagináveis anteriormente. Também existe uma relação com a pesquisa sobre os espaços do cotidiano urbano e seus lugares vazios e de passagem, presente em suas pinturas. De certa forma esses trabalhos aludem ao que o filósofo Michel Foucault se refere como “heterotopias”:

“Julgo que entre as utopias e este tipo de sítios, estas heterotopias poderá existir uma espécie de experiência de união ou mistura análoga à do espelho. O espelho é, afinal de contas, uma utopia, uma vez que é um lugar sem lugar algum. No espelho, vejo-me ali onde não estou, num espaço irreal, virtual, que está aberto do lado de lá da superfície; estou além, ali onde não estou, sou uma sombra que me dá visibilidade de mim mesmo, que me permite ver-me ali onde sou ausente.


Assim é a utopia do espelho.Mas é também uma heterotopia, uma vez que o espelho existe na realidade, e exerce um tipo de contra-ação à posição que eu ocupo. Do sítio em que me encontro no espelho apercebo-me da ausência no sítio onde estou, uma vez que eu posso ver-me ali. A partir deste olhar dirigido a mim próprio, da base desse espaço virtual que se encontra do outro lado do espelho, eu volto a mim mesmo: dirijo o olhar a mim mesmo e começo a reconstituir-me a mim próprio ali onde estou. O espelho funciona como uma heterotopia neste momentum: transforma este lugar, o que ocupo no momento em que me vejo no espelho, num espaço a um só tempo absolutamente real, associado a todo o espaço que o circunda, e absolutamente irreal, uma vez que para nos apercebermos desse espaço real, tem de se atravessar esse ponto virtual que está do lado de lá.”

As conexões e desvios entre as linguagens da alta e baixa cultura, tecnologia e artesania, real e virtual são pontos de interesse. Relações entre os processos tecnológicos, que se apresentam como realidades presentes em todos os extratos da sociedade e os processos corriqueiros que perpassam o dia a dia de todos os seres humanos são colocadas, criando uma situação onde os limites entre os dois processos se mostram difusos e instáveis.


Raul Leal - Um lugar Provisoriamente Habitado
Exposição: 09 a 29 de agosto de 2011
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Raul Leal apresenta a individual Contraimagem, composta por cinco pinturas (acrílica s/ tela), de grandes dimensões, produzidas em 2009, cujos trabalhos remetem à paisagem que se vê da janela da Galeria de Arte IBEU.

Segundo Raul Leal: “O processo que me interessa é a produção de imagens, especificamente a pintura a partir de uma referência fotográfica, obtida através da fotografia digital manipulada. Uma imagem virtual que ao invés de ser impressa mecanicamente é transformada em imagem real através da pintura. Trabalho com fotografias próprias, são momentos prosaicos do cotidiano urbano escolhidos aleatoriamente. A imagem é então reduzida a uma configuração mais básica por um processo de subtração de elementos. O processo de pintura é feito com diversas camadas de tinta criando uma luminosidade suave e uma profundidade rasa. Os elementos figurativos são colocados à frente desse fundo contrapondo o caráter de perspectiva da foto original com a planaridade da pintura”.


No texto de apresentação da exposição de Raul Leal, Humberto Farias, crítico de arte e membro da Comissão Cultural do Ibeu, diz: “... Raul Leal humaniza sua obra por intermédio da pintura e sai do mecanismo de captação para o de sensibilização: retira a personalidade das pessoas fotografadas e, no lugar, imprime a sua através do gesto do desenho, dos elementos da linguagem pictórica e de sua interpretação dos vários ambientes urbanos – assim, sua investigação está alicerçada fundamentalmente no diálogo entre os meios da fotografia e da pintura. Para esta exposição na Galeria de Arte IBEU, Raul propõe uma expansão do espaço expositivo, desenvolvendo suas pinturas a partir da apreensão do ambiente urbano que envolve a galeria. De forma sutil, o artista propõe ao fruidor uma relação de experimentação que se desloca do campo externo para o interno, do urbano para o pessoal”.


Raul Leal é natural de Miracema-RJ e radicado no Rio de Janeiro. Este ano já participou de duas coletivas e uma individual, além de ter dois dos seus trabalhos adquiridos por Gilberto Chateaubriand.


RAUL LEAL Contraimagem / Abertura: 26 de novembro de 2009 (quinta-feira), às 20h / Exposição: de 27 de novembro a 18 de dezembro de 2009 / Horário de visitação: de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h



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A sensação de isolamento em meio à multidão, a falta de comunicação no espaço urbano e a ausência de identidade da pessoa que se vê cercada de iguais tão diferentes. São esses os temas do trabalho de Raul Leal e é essa a mensagem que toma por completo o espectador de suas obras. Em “Contraluz”, a partir de 12 de agosto de 2009 na galeria Amarelonegro Arte Contemporânea, Raul revela um olhar que busca distanciamento do ser humano para falar da solidão. Baseado em suas percepções do cotidiano urbano, o artista mostra cinco pinturas, feitas com óleo e acrílica sobre tela, e oito gravuras em preto e branco.


“Contraluz” é a primeira individual de Raul. Formado pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em 2006 o artista participou de sua primeira exposição coletiva na própria Escola, “Imagem, do desenho aos outros meios”. No mesmo ano, expôs na “Universidarte XIV”, na Universidade Estácio de Sá. Em 2007, participou de “Transfiguração”, na Estácio, “Ver e ser visto”, no Espaço Repercussivo, “Quatro do Parque”, na FESP, “Sobre as distâncias”, no Galeria Café, e uma coletiva”, na galeria Amarelonegro. No ano seguinte, mostrou seu trabalho em “Novíssimos”, na galeria de arte do IBEU, em que ganhou o prêmio de Melhor Trabalho da Mostra, “Novíssimos II”, no Solar do Jambeiro, em Niterói, “Processos”, na EAV do Parque Lage, “NÀU”, no Instituto dos Arquitetos do Brasil e “Bebel Tiquira”, também na EAV. Este ano, participou de “Arte3”, na galeria Anna Maria Niemeyer, e da “SP Arte 2009”, em São Paulo. Das telas expostas em “Arte³”, duas foram compradas por Gilberto Chateaubriand para o acervo do MAM-Rio.


A técnica utilizada por Raul nas pinturas começa com a fotografia. Ele utiliza fotos do cotidiano da cidade, manipula digitalmente removendo os elementos que considera excessivos e tira dessa imagem digital a ideia para a obra. Já as gravuras são concebidas pelo processo contrário. A pintura é fotografada e trabalhada de modo a deixar o mínimo de informação possível. A gravura é justamente a impressão dessa foto depois de modificada.

“Na pintura de Raul Leal, o espaço é luminoso como a solidão na cidade. Como trechos de um filme exibidos quadro a quadro, cada imagem sugere uma seqüência temporal. Homens e mulheres aparecem de passagem, cortando paisagens urbanas das quais restam apenas poucos elementos. Em ‘Circunstâncias’, diante do infinito aberto no horizonte, a imagem retém apenas silhuetas que, contra o branco do papel, marcam o foco do artista-observador. Um caminhante segue para fora do enquadramento da imagem. Na seqüência, traves de futebol, estacas e bancos contracenam com figuras reduzidas pela luminosidade a fantasmas em negativo, ecos da presença de corpos no vazio. Um olhar posicionado à distância observa a coexistência dos objetos, das árvores e de alguém que passa sem perceber que está sendo observado. No brilhante vácuo que se abre entre a silhueta de uma árvore e um corpo entrevisto na contraluz, o isolamento parece natural e incômodo”, afirma a crítica Luiza Interlenghi.


Exposição: de 11 de agosto a 19 de setembro de 2009

Amarelonegro Arte Contemporânea
Rua Visconde de Pirajá, nº 111, Loja 2 - Ipanema, Rio de Janeiro
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Raul Leal utiliza em sua produção artística os meios da pintura, desenho, fotografia, instalação e vídeo. Sua produção é ligada aos temas do cotidiano urbano e aspectos da cultura brasileira. Frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage RJ de 2005 a 2011, em cursos de pintura, desenho, história e teoria da arte, com João Magalhães, Daniel Senise, Suzana Queiroga, Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiaralle, entre outros. Frequentou o Grupo Alice sob orientação de Brígida Baltar e Pedro Varela em 2011 e 2012, o grupo de estudos com Ivair Reinaldim em 2012 e 2013, e o grupo de estudos sobre arte contemporânea com Daniela Name em 2014. É especialista em gestão cultural pela Fundação Cecierj RJ.


Contatos:

Aura Arte

Almacén Galeria

Enciclopédia Itaú Cultural

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